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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Partidos políticos trocam de nome e especialistas explicam o que NÃO muda

Para cientistas políticos ouvidos pela reportagem, alterações estão relacionadas a uma tentativa das siglas de se desvincular de episódios passados e até mesmo da política
POR DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Crédito: Fábio Rodrigues/ABr
Nome [s.m.]: antropônimo dado a uma criança ao nascer, no batismo ou em outra ocasião especial; palavra que expressa alguma característica de um indivíduo ou circunstância de sua vida, pela qual ele é conhecido.


Pelo nome que lhe é dado no batismo, você será conhecido por toda a vida. Tudo o que você fizer — para o bem e para o mal — será associado a ele. Na hora de ganhar um prêmio, seu nome estará lá. Se for responder por um crime, também. Agora imagine se você se envolvesse em algum tipo de problema e, como em um passe de mágica, tivesse a oportunidade de mudar de nome e apagar tudo de ruim que aconteceu?

Nos últimos dez anos, o Brasil tem observado um movimento de mudanças estruturais nos nomes de alguns partidos políticos. Eles não apenas mudaram suas nomenclaturas. Trocaram as siglas por palavras e se desvincularam da letra "P", que abreviava a palavra partido. Desde 2007, dois deles oficializaram a mudança no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais dois estão com o processo em tramitação e outros dois já anunciaram a intenção de mudar, apesar de ainda não ter formalizado o desejo. Há ainda outros três recém-criados que foram batizados já seguindo essa onda.

Crédito: Fábio Rodrigues/ABr
Apesar de todos os partidos negarem, para especialistas, essa mudança está, sim, relacionada a um desejo de esconder ou se desvincular do passado. "Parece uma estratégia de marketing, mudando um nome desgastado para algo que o eleitor não associe. É curioso que, além de excluírem o 'P', eles adotaram nomes que passam uma ideia de movimento, que é um tipo de representação política que não tem acesso à eleição", pontua o professor Glauco Peres da Silva, do departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP). Como exemplo desses movimentos sem acesso às eleições, ele cita o Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou força nas manifestações pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, iniciadas em 2015.

Para o professor Creomar de Souza, da Universidade Católica de Brasília (UCB), a ideia de se desvincular do passado parece ainda mais plausível se levarmos em consideração o momento histórico do país, em que a maior parte da população demonstra imensa insatisfação com a política. Prova disso foram as eleições suplementares no Amazonas. Depois de governador e vice, eleitos em 2014, serem cassados por compra de votos, os amazonenses precisaram voltar às urnas no fim do mês passado. No segundo turno, as abstenções e os votos brancos e nulos somaram 49,6%. Ou seja, quase metade dos eleitores não quis escolher um dos candidatos.

"A gente tem dois fenômenos claros derivados dos últimos tempos, de 2014 para cá. O primeiro é o enorme desgaste da representação política. Os mandatários têm sido muito cobrados pela incapacidade de entregar o que prometem. O segundo é a perspectiva de que a política se tornou uma atividade para espíritos pouco nobres. O cidadão comum passou a achar que a política é lugar de criminoso", avalia o docente da UCB.

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